O surgimento de manchas de óleo na costa Nordestina, desde o final do mês de agosto, é uma tragédia sem precedentes em nossa história: o maior desastre ambiental já registrado em nossa região e um dos maiores do Brasil.
As manchas não trouxeram apenas à tona apenas a evidência de um crime imensurável, mostrou o despreparo dos órgãos competentes em lidar com a situação, que de tão desesperadora, fez a população ir à s praias com a nobre intenção de tirar dali tudo o que não fosse seu: aquele óleo cru que a plenitude dos oceanos esconde submerso, a arrebentação leva à praia, em uma grande variação de maré, cujo movimento dificulta a contenção e “joga” nos corais, nos estuários, na vegetação, nas pedras, na areia um material tóxico, viscoso, um poluente que desequilibra todo o Ecossistema.
Nos últimos meses, vimos o movimento de diversas ONGs, da Sociedade Civil e principalmente do “braço forte” de pessoas que, reconhecendo a importância da natureza em que vivem, deixaram de lado sua própria segurança e se doaram pela causa: as praias estão sendo limpas por voluntários, mas o óleo não pára de chegar, esta é a realidade.
O litoral nordestino é rico em biodiversidade, além do ambiente marinho, os estuários tem a função de renovar a vida, servindo como berçário para diversas espécies. O óleo se alastrou de uma maneira tão assombrosa que comprometeu Ecossistemas já fragilizados: corais que vibravam em vida e cores, em uma extensa barreira, tornaram-se monocromáticos, manchados, vida abafada! Plantas de mangues, agora carregam em suas raÃzes a cor “preta”, a marca da contaminação que se alastra pelo estuário.
O óleo se fragmenta em micropartÃculas que se acumulam em locais diferentes, a sua identificação requer uma monitoração através da análise laboratorial, com coleta de água e sedimento para identificar pontos de contaminação que não são percebidos visualmente.
Há um grande trabalho a ser feito! A recuperação dos Ecossistemas atingidos levará décadas para ser alcançada (cerca de 40 anos). Serão anos de pesquisa, de defesa, de empenho, de cuidado e, principalmente, um perÃodo para RESSIGNIFICAR a importância do ambiente natural em que vivemos. Somos a parte integrante de um todo, somos a “voz” que não pode silenciar diante de tamanho sofrimento!
Nana Gonçalves
Bióloga
Especialista em Gestão e PolÃtica Ambiental